No combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes: somos protagonistas, coadjuvantes ou vítimas?

10 de junho de 2024
Pessoas em uma quadra de esporte. Violência Sexual.
Foto: Pexels

Recentemente, tive a honra de ser convidada para proferir uma palestra sobre o tema do dia 18 de maio e como profissionais da educação em um Centro Olímpico do Distrito Federal, situado em uma região socialmente vulnerável, podem lidar com a violência sexual. A experiência foi reveladora e impactante.

Ao iniciar minha apresentação, optei por escutar os(as) profissionais presentes, para entender suas perspectivas e experiências prévias. A violência, direta ou indireta, é uma realidade que todos(as), de alguma forma, já enfrentaram – seja como vítimas ou testemunhas. Essa troca inicial foi essencial para estabelecer um diálogo fluido e aberto.

Durante nossa discussão, ficou evidente que, em qualquer contexto, podemos encontrar indivíduos que reproduzem comportamentos violentos. Essa constatação reforça a importância desses encontros e reitera a necessidade de abordar a violência de maneira sensível e contextualizada. Cada relato compartilhado pelos(as) profissionais ali presentes trouxe à tona não apenas o conhecimento teórico, mas também suas experiências pessoais e profissionais, evidenciando a complexidade do tema.

Observação e escuta foram ferramentas fundamentais para complementar a compreensão do que circula entre o conhecimento científico e as vivências pessoais. A cidadania, nesse contexto, emerge como um conceito central, onde a educação e a conscientização se mostram indispensáveis.

Não se trata apenas de ministrar uma palestra, mas de reconhecer que quem escuta também é detentor(a) de saberes. Em se tratando da experiência, que ocorreu no dia 13 de maio de 2024, reacendeu algumas reflexões cuja oportunidade de conversar com cerca de 22 profissionais de idades resgatei experiências diversas. A sensação de impotência diante dos casos de violência sexual foi um sentimento comum entre os(as) presentes. A pergunta recorrente era: “E então, o que devo fazer com essa situação?”

O encontro ocorreu no Centro Olímpico e que, além dos(as) profissionais da educação física, é composta pela equipe psicossocial composta por pedagoga, assistentes social e psicóloga. A compreensão do papel dessas profissionais, incluindo os procedimentos de atendimento e a importância do sigilo, foi um ponto crucial de nossa discussão. A conversa fluiu de forma natural, especialmente quando abordamos a questão dos meninos que também sofrem abusos sexuais, um tema muitas vezes silenciado devido ao patriarcado. É imperativo discutir esse tabu, pois as vítimas de hoje podem se tornar os violadores de amanhã se o ciclo de violência não for interrompido.

Compreender o ciclo da violência de forma contextualizada, sem uma abordagem simplista de causa e efeito, foi uma das principais mensagens do encontro. Esse entendimento mais profundo é crucial para efetivas intervenções.

O feedback positivo veio rapidamente. O gestor da unidade e o coordenador da equipe de trabalho expressaram interesse em replicar essa iniciativa em outros Centros Olímpicos, reconhecendo esses espaços como locais de convivência social e formação para o esporte e lazer.

Ao refletir sobre essa experiência uma semana após o evento, sinto um profundo senso de dever cumprido. A facilitação dessa conversa abriu portas para muitas outras, permitindo que profissionais se conscientizem da proximidade e da gravidade das violações, além de discutir mecanismos de intervenção. Este é apenas o começo de um diálogo necessário e contínuo, que deve ser promovido em todas as esferas da educação e do convívio social.

Visite-nos

Brasília-DF

Envie-nos um Email
Abrir bate-papo
Olá!
Como podemos ajudá-lo(a)?