Desconstruindo Flores: reflexões sobre o Dia Internacional da Mulher

8 de março de 2024
Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulher / Imagem-TB-Arquivo

Anos se passam e a estrutura e estratégia de enviar flores, virtuais ou reais, para nos parabenizar pelo dia se repetem. No entanto, nesse mesmo período, sinto um imenso incômodo por tal gesto, que me leva a refletir inúmeras vezes sobre como posso proporcionar reflexões para essas pessoas, a fim de que entendam que as vitórias são poucas diante dos números de feminicídios, das mulheres e meninas que ainda sofrem violência psicológica, física, patrimonial, sexual e moral. Mulheres maduras são impactadas pelo etarismo em diversos espaços, principalmente no mercado de trabalho e em relações íntimas.
Preciso, também, contemplar aquelas que fazem parte do universo das deficiências e que são alvo de bullying e violência sexual, cujos algozes fazem parte do círculo familiar ou são agregados que abusam da “confiança” para violentá-las.
É interessante observar que tais situações causam desconforto, e muitas pessoas não querem ouvir ou ler sobre isso, mas precisamos encarar de frente, seja nas rodas de amigos que tecem comentários inadequados sobre o corpo de uma mulher, inclusive tornando-a um objeto sexual, seja no compartilhamento de imagens que incitam a hipersexualização desses corpos, incluindo menores de 18 anos.
E o que dizer da desigualdade de papéis nas tarefas domésticas quando se trata de filhos e filhas, onde elas são sobrecarregadas com essas atividades, além das escolares, exigindo bom desempenho? Daí surgem afirmações de que as meninas amadurecem mais cedo que os meninos.
Tais desigualdades e violações são estendidas ao mercado de trabalho, através de assédio moral, sexual e emocional, seja pelo gaslighting, mansplaining, desigualdade salarial, perda de legitimidade, falta de oportunidades para ocupar cargos mais elevados na empresa, ou sendo descartadas no momento da seleção por serem consideradas um “prejuízo” para a empresa por estarem na “idade fértil”.
Na música, literatura, academia e outras áreas que demandam “inteligência”, as mulheres ainda são invisibilizadas e colocadas em segundo, ou último plano, ou mesmo excluídas do plano de ação/intervenção. Observem quais cargos têm maior participação, e verão que são aqueles que exigem cuidado, emocional e afeto.
A sociedade é contraditória! Ao mesmo tempo em que parabeniza e envia flores, subjuga nossa condição a papéis secundários de cuidar. Não que esses papéis sejam insignificantes, mas por que apenas as mulheres cuidam? O exercício da paternidade, por exemplo, também exige cuidar, observar e orientar.
Preciso afirmar que a sociedade ainda permanece no século retrasado, com ações e discursos ultrapassados e romantizados. Basta ver a resposta do judiciário nacional e internacional, que muitas vezes pune agressores sexuais com penas baixas e, ainda, aceita pagamento de multa como forma de redução.
Não, não estou equivocada! Observe as estatísticas e relatos das vítimas. São reais e combinadas a muita dor e perdas.
Por isso, há 4 anos, venho preparando e aquecendo este projeto especial “Trocando Bagagens”, para circular em diversos espaços (empresas, OSCs, escolas) e espalhar convites e reflexões em grupos mistos e/ou exclusivos, para debater e formular estratégias de boas práticas no enfrentamento à misoginia, ao patriarcado, à igualdade de direitos, às violações e à rede de apoio/serviços, através de um processo educativo formativo, para somar na luta pela redução de violações contra mulheres e meninas, seja qual for a fase da vida. Quer saber como funciona? Entre em contato que explico com detalhes!

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