Entre Capitães do Mato e Tendências de Gestão

24 de fevereiro de 2024
Foto: AGOSTINI. Revista Illustrada, ano 13, n° 491, 31/3/1888*
Foto: AGOSTINI. Revista Illustrada, ano 13, n° 491, 31/3/1888*

“A república do medo só afasta o(a) trabalhador(a) do processo de trabalho e interfere no grau de (in)satisfação do seu quadro de funcionário(as), propicia o adoecimento mental e físico de quem a gestão mais precisa …[…]”
Em tempo de crise econômica, há quem diga que uma fatia da sociedade enriquece com as perdas materiais e emocionais. Uma combinação contraditória, mas que dá certo quando olhamos pela perspectiva da compra de empresas e produtos que estão na berlinda da subsistência, ou até mesmo quando observamos o percentual de demissões e redução de contratações por salários inferiores.

Correndo o risco de deixar de lado muitas correlações, dou um salto qualitativo para ir direto à parte, historicamente, frágil da relação: os(as) trabalhadores(as) comumente denominados(as) colaboradores(as). Inicio aqui, então, uma aventura textual de quem está na iniciativa privada há 23 anos, que acompanhou e sofreu impactos de vários projetos de governo, inclusive do Plano Collor. Então vamos lá…

Sinceramente? Não aposto no crescimento de empresas onde fortalecem Capitães do Mato para vigiarem, punirem o que seriam seus pares. A república do medo só afasta o(a) trabalhador(a) do processo de trabalho e interfere no grau de (in)satisfação, propiciando o adoecimento mental e físico de quem a gestão mais precisa: aqueles(as) que irão transformar o produto em algo a ser consumido. Há que correlacionar essa reflexão, inclusive, sobre a imagem (des)humana ao coagi-los(as) perante familiares e demais conexão que estes(as) poderão fazer ao terem a impressão de que “x” ameaçam e exigem alta produtividade. Quando em troca há (des)acordos por redução de salários.

Abro um significativo parêntesis, para expressar que essa forma de gestão está ultrapassada, inclusive, no atual cenário em que estamos vivenciando perdas de vidas, e demais graves consequências deste vírus devastador, conduzindo a diversas fragilidades e vulnerabilidades sociais. O cenário nos convida para revisar valores humanos e, inclusive, clamando à inciativa privada e setor público tal reflexão. Em se tratando do setor privado, é importante considerar que lidam com vidas desde o sistema de produção até quem consome os produtos e;ou serviços.

Como diz a clássica expressão, venhamos e convenhamos não mais cabe um sistema corporativo distante de quem ele mais precisa correspondendo de forma negativa e tensionando uma relação que não faz jus utilizar o termo colaborador(a). Ambientes corporativos que prevalecem a coação e, individualismo, podem incorrer no aumento do número de atestados, alta rotatividade no quadro funcional por pedidos de demissão que, por sua vez, compromete a imagem corporativa. Nos dias atuais, qual(is) investidor(es) querem associar sua imagem a empresas que desvalorizam valores humanos?

Creio na iniciativa privada que acolhe seus(suas) subordinados(as) não como opositores e, nem tão pouco, que apenas colaboram com o sistema de produção. Defendo o modelo de gestão corporativa-colaborativa que observa , com empatia, os(as) funcionários(as) englobando suas respectivas famílias, seja qual for a sua configuração.

Vidas em curso que, o bem estar, depende de uma relação de direitos e deveres de ambas as partes. Casos recorrentes de adoecimento mental no processo de trabalho, despontam outras toxidades no ambiente familiar implicando em um looping de situações que podem levar ao aumento da escassez e empobrecimento da população.

Quando menciono direitos e deveres em ambas as partes, estou considerando a motivação do(a) trabalhador(a) está para a forma como é contemplado na gestão que vai desde os benefícios chegando à forma como é acolhido(a). Percebe-se que isso implica na atenção (entende-se como uma proposta de gestão) que a corporação pode estabelecer. Aqui a expressão binária, direitos e deveres, tende a ser uma concepção de trocas e fortalecimentos do que vir a ser obrigatoriedade.

Depois de discorrer tais reflexões, a pergunta deve estar sendo: onde cabe a expressão capitães do mato, citado no título? Ora, no modelo de gestão pela coação, dissertado mais acima, quem está cumprindo esse papel? Quem era o Capitão do Mato? Qual grupo social e cultural pertencia? Qual deveria ser o seu lugar de fala e ação? Delegar essa função a um pequeno percentual do quadro para colaborar com desconforto e um clima organizacional de mal estar é, de fato, uma linha tênue para a imagem da empresa mediante o contexto global que estamos vivenciando: pandemia COVID-19 e mídias e redes digitais de comunicação.

Fim da primeira parte.

  • https://imagohistoria.blogspot.com/2009/03/capitao-do-mato.html
Visite-nos

Brasília-DF

Envie-nos um Email
Abrir bate-papo
Olá!
Como podemos ajudá-lo(a)?